27 de fev. de 2009

PERSPECTIVAS DO PROFISSIONAL DE ENSINO - PEDAGOGIA

PERSPECTIVAS DO PROFISSIONAL DE ENSINO

F. Queiroz[1]


RESUMO

Para os problemas que perpassa sobre o Ensino pós-médio, entende-se como alternativas, a necessidade de aperfeiçoamento continuo do professorado quanto aos novos instrumentos do ensino globalizado; a formação dentro das instituições de escolas de pensamentos e produção científica, academias baseadas no ensino planejado interdisciplinarmente, com atividades de planejamento e pesquisa extra ambiente da sala aula, visando atender no novo perfil globalizado o que se deseja do professor e do aluno.

Palavras chaves: ensino pós-médio, alternativas, novos instrumentos, interdisciplinar e pesquisa.

O PERFIL DO PROFESSOR

No intuito de permitir a compreensão do debate acerca das competências que deve ter o professor universitário, será feita uma tentativa de caracterizar o perfil do professor atual e o perfil desejado, e qual o caminho a ser percorrido, quais as pedras a serem retiradas e quais os enigmas a serem respondidos para se chegar a formação deste profissional.
Ajuda nesta caminhada Vasconcelos[2] no seu livro publicado a quase dez anos, mas ainda atual, A Formação do Professor Universitário, onde faz uma proposta do perfil do professor que se pretende estudar e que requisitos este deveria ter.

Um profissional que conheça profundamente o campo do saber que pretende ensinar, detentor, no entanto, de necessário senso crítico e conhecimento da realidade que o cerca, para fazer uma análise criteriosa do conteúdo a ser transmitido e suficientemente preparado para, com base neste mesmo conhecimento e amparado na complementaridade da perícia de seus pares, ser capaz de produzir um novo conhecimento, inovando e criando.”... (VASCONCELOS, 1998, p. 10)

Em resumo um professor com três pilares bem definidos e desenvolvidos: primeiro um bom transmissor de conhecimento, sabe ensinar, detentor de um bom diálogo, segundo, um crítico das relações sociais que circundam o meio em que está inserido, com relação temporal e casual sobre os acontecimentos, e em terceiro, um pesquisador capaz de produzir novo conhecimento, e este novo saber, deve ser produzido junto e com os alunos.
Mas o que se vê na realidade, no que se refere ao contingente de professores do Curso de Economia da Universidade Estadual de Feira de Santana, do Curso de Pós-Graduação da Faculdade Adventista de Administração da Bahia e do Centro Tecnológico da Bahia, é semelhante ao que afirmou Vasconcelos (, que deve ser uma expressão dos profissionais no Brasil, é uma grande maioria de profissionais que detêm apenas um ou dois dos pilares, citados anteriormente; uma parte ainda mais problemática, não têm nenhum dos fundamentos do bom professor, e resta apenas, uma pequena parcela de profissionais que detêm os três pontos: a arte da oratória, de ser conscientizador e ao mesmo tempo pesquisador e estimulador da produção do saber em coletivo.
O que poderia ser as causas desta triste realidade do sistema educacional pós-ensino médio? O consenso comum em uma análise subjetiva e intuitiva da realidade dá a percepção de alguns fatos que poderiam ser apontados como pontos geradores deste problema: o primeiro a ser apontado é a baixa remuneração docente frente a outras profissões no mercado de trabalho, um professor universitário do estado da Bahia, com dedicação exclusiva, categoria plena, recebe a título de salário R$ 2.686,53. Lei número 10.558, publicado no Diário Oficial do Estado de 30/05/2007 com vigência em 01/11/2007, o que é rendimento inferior a quase uma centena de profissões do mercado de trabalho, mesmo a nível de Brasil. Em pesquisa feita de pelo Instituto de Pesquisa Datafolha (veja ANEXO I), em inferência mensal de preços e salários apresenta que o salário médio do professor de nível superior é inferior a 73 profissões, isto sem contar o mercado autônomo e o informal, ou seja, existem centenas de possibilidades de melhores salários do que a função de professor-pesquisador, mestre proporcionador da difusão e produção do conhecimento.
O que isto implica? Implica na sub-valorização da atividade acadêmica, relegando esta a terceira, quarta atividade na vida do profissional. Prejudicando assim todo processo educativo. Professores que não planejam suas aulas, que chegam constantemente atrasados, sem compromisso com a pesquisa e sem prospecção de um novo saber. Ou implica na sobrecarga de trabalho , quando o docente assume várias instituições para ministrar aulas, e faz um mesmo plano e cronograma de curso para varias salas, o que é um crime educacional, pois a cada sala há um perfil diferente de turma e alunos, e pessoas diferentes, com aprendizados diferentes merecem atenção em separados. O outro ponto complicador é o fato do profissional não ter disponibilidade para dar continuidade a sua formação e aprendizado, principalmente ao que tange os novos instrumentos de educação aperfeiçoados com os avanços tecnológicos.
Com o advento da assimetria das informações, com a internet, com a socialização do conhecimento, a velocidade que os conceitos e as pesquisas sofrem mudanças e ou recebem complementos é muito grande. Isto provoca uma constante e continua necessidade de preparação dos professores frente as estes processos, pois corre o risco de se deparar em sala de aula com alunos mais atualizados e habituados com estes instrumentos. Isto pode causar problemas acadêmicos. Entretanto o mais importante não é a utilização dos novos instrumentos, e pode até ser que os conceitos não mudem, ou mudem muito pouco ao longo dos anos, mas certamente as relações sociais e o contexto histórico sofreram mudanças. E assim as aulas ministradas há dez anos, quanto o conteúdo podem até não mudar, mas o método e os sujeitos mudaram, (LUCKESI, 1996. p. 39) , portanto, o professor precisa ter sensibilidade para ver e se preparar para estas mudanças.
As instituições também precisam fornecer mecanismos e apoio para facilitar esta preparação do seu corpo docente. As faculdades e outros centros tecnológicos através de seu corpo pedagógico devem se preocupar na constituição dentro de suas paredes de um corpo de professores, que formem escolas de pensamentos de produção filosófica e científica, uma instituição com linhas de pesquisas, plataforma psicológica e filosófica bem definidas, onde um professor completa as atividades do outro. Os assuntos em sala de aula teriam direcionamento, não seria fragmentados, a grade curricular não seria imposta e escarrada pela coordenação pedagógica, mas aproveitando a experiência dos professores pesquisadores, dos professores profissionais liberais e dos alunos numa construção de cursos com disciplinas dinâmicas e flexíveis que permitam ser complementadas umas com as outras com planos de aulas interligados interdisciplinarmente.
Este desejo de que cada instituição de ensino pós-ensino médio se torne uma escola estimulante de pesquisa e formulação de pensamento perpassa pela necessidade de professores estarem comprometidos e ligados a entidade, para tanto, este fortalecimento no vínculo depende da construção de uma profissão bem remunerada, que não obrigue o docente a acumular profissões para sobreviver, da criação de incentivos mais diretos para pesquisas, artigos e outras produções acadêmicas. Como sugestões a formação de uma academia coesa e eficiente, indica-se o procedimento de aulas planejadas em conjunto com professores de disciplinas diferentes, realizadas em sintonia com a coordenação pedagógica; aulas ministradas por dois ou mais professores de áreas afins e também a possibilidade de um professor assistir a aula de outro, encarando como aperfeiçoamento e contribuição para o melhoramento da atividade acadêmica. Essas horas de planejamento e todas essas atividades devem ser remuneradas para que consiga a maior adesão possível e estimule o professor a ter uma dedicação maior à docência.

O QUE SE DESEJA DO PROFESSOR.

A coordenação pedagógica quer um professor: vocacionado, profissional da modernidade, esteja alinhado com a pedagogia das competências, com planos de aulas bem definidos, excelente relator dos fatos ocorridos em sala de aula, pontual, bom usuário dos instrumentos do mundo pós-globalizado, que desenvolva em se novas habilidades, atualizado com os fatos que o circundam e que exerça um bom domínio da sala. Mas e a pesquisa? a produção de novos saberes? A interdisciplinaridade? As diferenças? Estas perguntas são pontos que este artigo pretende levantar , mas por não ser conclusivo, o ponto a ser abordado é a pesquisa.

“Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho e intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade”. (SCARPATO. 2004. p. 32)

Scarpato[3] em seu livro Procedimentos de Ensino: escolher e decidir. 2004. usa como tópicos dos sub-títulos do capítulo 1, frases que convidam a definir o papel do professor moderno: não há docência sem discência, ensinar exige rigorosidade metódica, ensinar exige pesquisa, ensinar exige respeito aos saberes do educando, ensinar exige criticidade, ensinar exige estética e ética, ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a discriminação, ensinar exige crítica sobre a prática, ensinar exige reconhecimento. E define todos estes temas de forma clara em leitura bem simples e objetiva que se completaria com Demo[4], “é preciso avaliar”, “avaliar faz parte do cotidiando de nossas vidas, apesar de sua má fama” (DEMO. 2004. p.108).
Como este artigo é texto discursivo, que pretende convidar ao debate sobre as perspectivas que deve ter o professor de nível universitário, observa-se os pontos levantados por Scarpato e completado por Demo, mas se prende a importância da pesquisa e da comprovação entre teoria e prática que é levantada desde estudos realizados por Marx em seu materialismo dialético que trata da necessidade que tem a pesquisa e inferência científica de exercer um processo cíclico: teoria, pratica, teoria com base na pratica igual a uma teoria renovada que dá origem a uma pratica aperfeiçoada e assim por diante.
A pesquisa tem que estar presente no processo de ensino, criando o novo, “evitando o repetitivo, verbalístico, livresco e desvinculado da realidade concreta” (LUCKESI. 2005. p. 38). Professores locutores e alunos receptores não vão constituir uma produção do saber que atenda as necessidades de ambas as partes. A memorização deve ser evitada, deve se dar ênfase a reflexão, a analise, ao intercâmbio de idéias, a participação e as iniciativas. “para que tal clima se faça, é obviamente necessário que o professor esteja bem informado da realidade como um todo, e de sua área de especialização em particular, através do estuda e da pesquisa” (LUCKESI. 2005. p.44).
O professor pode deixar de ser um mero repetidor de saberes prontos, deve desenvolver e criar novos saberes, se tornar agente efetivo do processo educativo, pesquisando, ensinando a pesquisar, aprendendo a ensinar, pesquisando para aprender. Tirando os alunos da mórbida posição de espectador de suas cadeiras para viajarem juntos pelo mundo da produção de novas expectativas, de novos conhecimentos. Os alunos têm que se tornarem sujeitos do processo educativo (LUCKESI, 2005), tomar conhecimento efetivo, e se possível, participar da construção das grades curriculares, participarem da construção das aulas, estarem inseridos nos projetos de pesquisas, e construir o novo saber junto com os professores. O docente ele só se torna efetivo quando consegue produzir conhecimento junto com os discentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelos problemas que passa a educação universitária há a necessidade de aperfeiçoamento quanto a utilização de novos instrumentos do ensino globalizado, definindo assim, o perfil do professor universitário, quanto às habilidades e competências, que se deseja. Fazendo uma correlação com uma nova forma de planejar e executar as aulas, não deixando passar, despercebido, a remuneração e o incentivo às atividades de planejamento e pesquisa.
No intuito de permitir a compreensão do debate acerca das competências que deve ter o professor universitário, foi realizada uma tentativa de caracterizar o perfil do professor atual e o perfil desejado. Ajudou, nesta caminhada, Vasconcelos - em resumo um professor deve ter três pilares bem definidos e desenvolvidos: primeiro um bom transmissor de conhecimento, segundo, um crítico das relações sociais que circundam o meio em que está inserido, e em terceiro, um pesquisador capaz de produzir novos conhecimentos, e este novos saberes devem ser produzidos junto com os alunos.
Deseja-se um professor vocacionado, profissional da modernidade, alinhado com a pedagogia das competências, com planos de aulas bem definidos, bom usuário dos instrumentos do mundo pós-globalizado, atualizado com os fatos que o circundam e que exerça um bom domínio da sala. Um professor pesquisador, deixando de ser um mero repetidor de saberes prontos, que desenvolva e crie novos saberes, agente efetivo do processo educativo, pesquisando, ensinando a pesquisar, aprendendo a ensinar, pesquisando para aprender.
Para que as questões em foco se completem é necessário a formação dentro das instituições de escolas de pensamentos, academias baseadas no ensino planejado interdisciplinarmente, com atividades de planejamento e pesquisa extra ambiente da sala aula, remuneradas, visando atender o novo perfil globalizado o que a realidade demanda.
NOTAS
[1] Economista pós-graduando em Gestão Pública. Professor da FABES, FACE e do CETEB - Coordnador do Núcleo de Tecnologia Educaional de Feira de Santana.
[2] Alexandre M. L. Vasconcelos, Ph. D., professor efetivo da Universidade Federal de Pernambuco.
[3] Marta Thiago Scarpato, Doutora em Educação pela PUC/SP e professora titular da Universidade Paulista.
[4] Pedro Demo, Doutor em Educação, professor titular da Universidade de Brasília.

5 comentários:

  1. Professor gostei muito do texto,através dele percebemos a importância do professor está sempre se aperfeiçoando,e sendo um pesquisador constante.

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  2. Marcelo,a respeito do 1 capitulo nos fala do desemprego pela grande oferta e desequilibrio mostrando assim as divisoes desse grande mal(desemprego).

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  3. Professor eu e minha instutora Lucinete estudamos o texto "Perspectivas do profissional de educação", o qual aborda o perfil do professor.

    Arnaldo

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  5. Gabriela Face...
    Oi professor! passando para pedir socorro,não sei como deixar o trabalho no blog...

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